Abusos sexuais de menores cometidos por católicos na Espanha

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Comissão independente revela relatório chocante e pede medidas para prevenir, informar e proteger vítimas

Uma comissão independente da Espanha divulgou na sexta-feira, 27 de outubro, um relatório que revela uma triste realidade de abusos sexuais de menores de idade cometidos por religiosos católicos no país. O relatório estima que pelo menos 200 mil pessoas foram vítimas de pedofilia desde 1940.

Este número alarmante é o resultado de uma pesquisa realizada com cerca de 8 mil cidadãos espanhóis, que aponta que 0,6% da população adulta sofreu abusos quando crianças por membros da Igreja Católica. O índice aumenta para 1,13% quando consideramos abusos cometidos por leigos dentro de instituições religiosas, totalizando 400 mil casos.

A história de Fernando Salmones, um guia turístico, é um exemplo vívido desse escândalo. Ele foi vítima de abuso sexual quase meio século atrás em um colégio católico, onde o diretor abusava dele quando tinha apenas 14 anos. Fernando compartilhou sua experiência, afirmando: “Você perde a inocência de uma forma drástica.”

Ele acredita que a chave para prevenir casos como o seu está na inclusão de educação sexual nas escolas, para que as crianças saibam como se proteger e reconhecer comportamentos inadequados. O defensor público Ángel Gabilondo, coordenador da equipe que produziu o relatório, destaca que a maioria dos casos ocorreu entre 1970 e 1990, embora haja relatos que remontam à década de 1940.

O estudo, com mais de 700 páginas, intitulado “Uma resposta necessária”, foi entregue ao Congresso espanhol, que o encomendou em março do ano passado. Ana Cuevas, presidente da associação espanhola Infância Roubada, enfatiza que o assunto ainda é um tabu no país.

Ela lamenta a falta de discussão e a inação do governo local sobre o tema. Cuevas, que é mãe de uma vítima de abuso, compartilha que a família teve que se mudar da cidade devido às ameaças que passaram a receber.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, comemorou a entrega do relatório, destacando que o país está um passo mais próximo de lidar com essa triste realidade. “Hoje somos um país um pouco melhor, porque trouxemos à luz uma realidade que todos conheciam há muitos anos, mas sobre a qual ninguém falava”, disse.

Todas as fontes ouvidas pelo Correio concordam que os esforços do governo espanhol para tratar dessa questão foram insuficientes. Elas esperam que, com base neste documento, leis sejam criadas para proteger e reparar as vítimas. Ana Cuevas afirma: “Precisamos seguir em três direções: prevenção, informação e atenção às vítimas. Não podemos mais omitir socorro.”

Este relatório é um primeiro passo importante para trazer à tona um problema profundamente enraizado na sociedade espanhola e fornecer o apoio necessário às vítimas de abuso.

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