ADEUS FADAS E BRUXAS – A influência da tecnologia inserida desde a infância
Texto Garbila Bizutti
O espetáculo infantil “Adeus Fadas e Bruxas (1974)”, escrita por Ronaldo Ciambroni e interpretada pelos alunos do Núcleo de Artes Cênicas do SESI Sorocaba-SP, na abertura do 8º Festival Estudantil SESI de Teatro, em 2009, sob direção artística de Junior Mosko, nos trás um assunto pertinente na sociedade atual: a substituição dos livros de papel e a influência da tecnologia inserida desde a infância.
A peça teatral possui um linguajar e personagens (como fadas, magos, feiticeiros, bruxas, aprendizes de bruxas, duendes e um príncipe) que encontramos, na maioria das vezes, nos livros e contos infantis. Com um elenco variado entre adultos, jovens e crianças, o espetáculo se passa dentro de uma biblioteca, no Reino Encantalha, durante uma reunião para discutir “o trágico fim do mundo”, onde as personagens estão sendo esquecidas pelas próprias crianças.
O espetáculo teatral completo está disponível na plataforma digital “YouTube”, no canal do artista Junior Mosko segue o link:
A apresentação e a imaginação fluem dentro e fora do palco, e utiliza diversas linguagens artísticas, como a música, a dança e, logicamente, o teatro. A trama é descobrir o motivo das crianças deixarem de lado os livros de história e, assim, abandonarem também as brincadeiras e a imaginação. As personagens têm o objetivo de encontrar e solucionar o problema. Elas acham maneiras divertidas e problemáticas muitas das vezes. Além de achar o grande problema, as personagens têm que lidar com os conflitos internos, como as disputas entre Bruxas, Mago e Feiticeiros contra as Fadas; Fadas contra as Bruxas; entre outros. Depois de longas brigas internas, as crianças são encontradas pelos duendes e levadas até a biblioteca, mas então, os seres devem lidar com um grande oposto aos livros: a TECNOLOGIA. As Fadas e as Bruxas tentam chamar a atenção das crianças, as animando ou as assustando, mas as crianças não as veem, pois já não as têm na imaginação. Quem realmente se assusta são as personagens, que encontram um aparelho eletrônico e passam a enfrentá-lo, o descobrindo. Esta descoberta os levam a grande conclusão: a multimidia e os eletrônicos tomam o tempo que a criança tem que utilizar para ler e usar a criatividade, favorecendo o crescimento e a imaginação fértil dos nossos pequenos garotos e garotas, que criam e dão vida aos personagens e amigos da literatura.
“Nós estamos resgatando este olhar para os livros de história e, também, para as brincadeiras” diz o artista e diretor Junior Mosko numa entrevista para o Telejornal Noticidade, na TV Sorocaba (SBT). Neste espetáculo, o renomado diretor Junior Mosko trabalha com 45 atores, dentre eles, também faz um trabalho de inclusão social, com atores com doenças especiais.
A peça realmente é infantil? O tema que ela aborda não se encaixa apenas no “mundo infantil”, mas também no mundo adulto. Quantas pessoas estão substituindo o mundo real pelas telinhas? E até quando isso é um beneficio e um maleficio? Como vimos, a peça, escrita em 1974, ainda é um tema propício a uma reflexão a ser feita e discutida na nossa rotina diária. Não daremos adeus as nossas Fadas e Bruxas, nem mesmo a nenhuma outra personagem neste mundo grandioso da literatura.
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