A origem da arte foi constituída em lirismo, tornando-se um dos principais meios de compreensão a natureza humana e seus antagonismos em prol de afirmar suas realidades.
Escrito por Victor Riggo; Orientação Dra Márcia Polacchini
A poesia torna-se indispensável quando discutimos a necessidade da arte na contemporaneidade, e com isso exerceremos uma analogia descrevendo-a como uma entidade filosófica, pois assim como a natureza a arte também demonstra suas forças por meio de seus elementos, produzindo seus próprios frutos, que neste caso os artistas, expressam suas visões de mundo por meio de suas obras, com um olhar sensível e poético, determinando a arte como um fenômeno natural intrínseco as sociedades. “A arte como meio de identificação do homem com a natureza”.
Apenas a arte é capaz de incorporar todas as realidades e traduzí-las em uma linguagem universal, capaz de potencializar o indivíduo a compreender a realidade elevando uma transformação a sua atmosfera social, com as diversas ramificações da arte e suas discussões desempenhando um papel vanguardeiro e impulsionador ao gênero humano. O elemento arte nunca permanece inteiramente o mesmo, pois assim como a humanidade evolui em diversos aspectos ao seu tempo, a arte também acompanha o seu curso evolutivo, mas com uma verdade permanente.
O Artista vive em função da Arte
Os discípulos da arte propagam seu propósito divino no decorrer dos períodos históricos, os artistas sempre realizaram suas obras no individual. Mas com o propósito de alcançar o coletivo, exprimindo por meio do seu tempo as condições sociais que permeiam nas criações de seus trabalhos, refletindo a arte como uma realidade social.
O ofício do artista está na exposição do seu empenho ao público, com a necessidade de estabelecer relações essenciais entre o indivíduo e a natureza na sociedade, alimentando o seu nível de compreensão e discernimento, portando então a responsabilidade do instituidor de artes “O homem comum é uma criação de condições sociais primitivas que produziam obras de arte compostas de institutos e instituição”.
Construímos uma ponte entre arte e artistas, e agora seguiremos esse percurso em direção à sociedade, questionando-a. A humanidade por sua vez apresenta uma relevante apreciação pelos segmentos das criações artísticas, diversas pessoas leem livros, praticam aulas de dança ou música, vão ao teatro e cinema, por quê?
Por que gostamos de mergulhar em outras existências? Buscar respostas em outras realidades? O que transmite essa atenção tão singular e ao mesmo tempo tão plural que prendem a esse misterioso meio fictício? E por que existe esse desejo de completar a vida com outas figuras e formas? Todo indivíduo quer relacionar-se com algo fora do seu “Eu”, algo do exterior em virtude da máxima aproximação da plenitude, que vai em direção a uma busca da sua totalidade.
Ser Humano se identifica com a Arte
O simples ato de identificar-se não basta para responder todos os questionamentos, é preciso orientar-se em um rumo de verdadeiros significados que: “Anseia por unir a arte no seu “Eu” limitado com uma existência humana coletiva e por tornar social a sua individualidade”.
Em todos os momentos de todos os lugares existem poesias, basta estar sujeito ao sensível para enxergar que a arte é o caminho mais íntegro para unir o indivíduo ao todo. Entendemos que a arte foi, é e sempre será inerente a sociedade. “Enquanto a própria humanidade não morrer a arte não morrerá”.
Após a afirmativa de Fischer, procuramos identificar quais são os recursos utilizados hoje para obter essa aproximação entre arte e público. Os canais de transmissões mais recorrentes são as mídias sociais, televisivas, audiovisuais e impressas, porém como portadores das informações, os diversos conteúdos são repassados a partir de outro ponto de vista programados e já estabelecidos, estereotipando e distorcendo a visão da arte que chega a população, esse conceito já estudado é intitulado como indústria cultural.
De mal a pior a Arte perde seu espaço
Tal distorção dos objetivos artísticos é o primeiro ponto desruptivo nesse percurso, esse processo distancia a arte como um fator primordial ao desenvolvimento social, que dificulta a compreensão das relações artísticas e o quão estão presentes no cotidiano.
Esse afastamento causa um desequilíbrio social, a ponto de negar a sua importância em diversos ambientes que, com o tempo, está desmoralizando sua integridade. “A arte vai mal das pernas, foi superada pela ciência, e pela tecnologia.
Numa época na qual a espécie humana já pode voar à lua, ainda haverá necessidade de poetas fazendo da lua temas de suas canções”. Esse espaço causado demonstra o vazio que cada vez mais caminha por um deslocamento do equilíbrio social tornando-o deficiente segundo o pintor Piet C. Mondrian (1872-1944).
No momento atual a arte está em desvantagens causando então o desequilíbrio na sociedade contemporânea brasileira, que perturbam as relações entre os indivíduos e o mundo exterior. Essa dessocialização com o mundo exterior aborda assuntos que deslocam a arte das civilizações, causando um suposto abandono do seu estado autêntico que avança cada vez mais a uma superficialidade dos conteúdos, que são produzidos em virtude apenas da lucratividade do capital.
Um mercado que dominou a Arte
A partir desta premissa podemos estabelecer um conceito que aqui vamos chamar de a “Síndrome da sacola cheia”, esse termo ocorre quando o público tem a sensação satisfatória do seu capital investido em determinado produto. Como exemplo apresentamos duas produções teatrais, uma tem grandes efeitos, adereços e cenários, mas o conteúdo do espetáculo não fez com o que o público busque a reflexão, pois os conflitos eram óbvios e pré-programados, então as sacolas estavam cheias, mesmo que os produtos não acrescentem ao desenvolvimento reflexivo do consumidor, mas o valor alto investido o satisfez pela quantidade e não qualidade.
Em outro caso o consumidor paga o mesmo valor, mas dessa vez ele irá ver um monólogo cuja dramaturgia só exige um ator vestido de preto e uma cadeira em cena, realizados em uma sala experimental, embora o conteúdo seja excelente instigando a reflexão e o senso crítico, a sacola voltou com pouco volume devido a ausência dos efeitos grandiosos, e a insatisfação de voltar com poucos produtos na sacola faz com o que o capital investido não tenha sido bem gasto. Mesmo que não seja uma regra, são poucas essas exceções.
Todos esses fatores colocam a arte em outros posicionamentos sociais que desvalorizam sua necessidade para as massas, e que a faça ser contemplada apenas por poucos apreciadores que, não só consomem o rebotalho produzido pela indústria do entretenimento, como também a arte em sua essência.
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Maravilhoso
Excelente reflexão, parabéns a Victor Riggo pelo brilhante artigo!
Ansiosa para ler os próximos artigos que virão...
Ana e Victoria muito obrigado, eu fico extremamente feliz que tenham gostado, é muito importante pra mim, se quiserem posso enviar o artigo completo é só entrar em contato
Insta: @victorigonatti
gratidão por lerem o texto.