Por Garbila Bizutti
O espetáculo teatral “E As Bruxas Foram à Lua”, escrito por Roberto Rocha Coelho e interpretada pelos alunos de Teatro da cidade de Tatuí, dirigidos por Junior Mosko e apresentado no XI Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo, retrata uma viagem que traz lições de amor, paz e respeito, nos fazendo refletir sobre nosso estado no ambiente que vivemos e nos locais onde passamos. O espetáculo teatral completo está disponível na plataforma digital “YouTube”, no canal do artista Junior Mosko:
“A paciência é a arma dos sábios!” dita pelo urubu Corvito da bruxa Bebé, esta é uma das frases que marcam o início desta história, em que há uma bruxa, Madame Bebé, que trabalha em um laboratório criando poções de embelezamento que, muitas das vezes, não se tem sucesso absoluto. Bebé é uma bruxa inconformada com as mudanças atuais, cita de exemplo que antes podia sair com sua vassoura e fazer suas bruxarias pelo céu imenso e, atualmente, esse objeto que antes ela podia montar e voar foi substituído por discos voadores e coisas do tipo. Cansada disso, decide ligar para o Sindicato dos Bruxos e, finalmente, pedir sua aposentadoria, mas é impedida pelo seu urubu, que alega dizendo que ainda há uma chance de mudar de vida: ir à lua no dia 26 de outubro. A bruxa se assusta com a ideia, mas como o pássaro garante riqueza e fama ela decide ir além com esta ideia, ainda sem entender a promessa do mesmo, se pega pensando em como realizar tal ação, já que as vassouras não voam mais que 1000 metros, ainda afirma ser pobre e estar falida; e o pássaro complementa dizendo que vale muito mais a inteligência do que o dinheiro.
Pensativos e persistentes na ideia, decidem criar uma poção que faça um foguete para a realização da viagem. Numa série de rimas, ocorre uma explosão seguida de uma falha na poção. Corvito insiste em ir à Lua dia 26 de outubro, só então eles perceberam que já era o grande dia. Então ele tem uma ideia, pede para que Madame Bebé espere, pois ela descobrirá o plano e gostará, pois este os fará ricos e famosos. Ele liga para o Sindicato e informa que irão à Lua. A princípio Bebé fica brava e até bate no pobre urubu, mas logo em seguida se interessa mais na ideia e se anima. O pássaro pega um caderno e começa a anotar divisões de terras, quando Bebé pergunta, ele diz que são as divisões das terras da Lua, ele as venderá em promissórias, porém não dará o produto vendido, assim pode vender a terra várias vezes. Um verdadeiro golpe, não é mesmo?
A bruxa Iaiá logo fica sabendo da notícia e, bisbilhoteira e curiosa, logo vai até Madame Bebé dizendo que o Sindicato já contou até para as bruxas dos Estados Unidos e que quer saber mais sobre esta viagem, Bebé fica sem saída (já que o plano é mais do pássaro do que dela). Corvito então sai de cena e volta com um “Buscapé”, garantindo que este o levará para a Lua, ele anuncia também que naquele dia se tornara maior de idade e que o falecido pai dele só deixaria ele mexer neste Buscapé quando atingisse a maioridade. O plano estava certo e estruturado: iam os três, no buscapé, viajar para a Lua. O bruxo Mor, dono do Sindicato, chegou no Laboratório de Bebé, e ofereceu um aumento salarial à Bebé, porém ela deseja a aposentadoria e ele diz que é possível negociar. Eles pedem para que o bruxo empurrasse o buscapé e os três saem a viajar.
Os personagens viajam pela plateia até chegarem à Lua. Descansam e acordam com um barulho assustador, era a bruxa Trunisca, dos Estados Unidos, que fica inconformada que o trio brasileiro foi de buscapé à Lua e ela teve que ficar muito tempo construindo um foguete. Depois de algumas provocações, as bruxas Trunisca e Bebé começam a brigar, resultando na decisão de ir embora para suas respectivas casas, mas chega um figura a dançar que prende atenção dos mesmos, uma outra bruxa, Xandóca dos Estados Unidos também, no qual tem implicância com as outras três bruxas que ali estavam. Provocações ocorrem até que a mesma assume que “a Lua é nossa!”, mas elas não se conformam e, na discussão de “quem chegou primeiro”, uma quer contar vantagem que sobreponha a outra.
O grupo sente um cheiro estranho, porém bom, nesta hora entram duas flores a dançar. Ao chegarem perto das flores, desmaiam e entram mais 4 plantas, cenouras, que rodeiam os corpos caídos e os enchem de pétalas. Elas se apresentam, violeta e margarida, junto as cenourinhas, e dizem que todos ali nasceram na Lua.
As bruxas novamente implicam sobre a dominância da Lua, desta vez entre si e entre as plantas, elas querem que as plantas se mudem de lá, ameaçam chamar a polícia dos bruxos, mas esta não funciona lá. Uma das bruxas, Trunisca, tenta fazer um feitiço e acaba ficando imóvel e se tornando alvo de risos das outras. Então, com medo, as outras bruxas e o pássaro decidem ir embora no buscapé da Bebé. Com destino à terra novamente, são impedidos pelo Guarda de Fogo que anuncia a intimação do Rei dos Vegetais, que os aguardam no palácio, diz também que dará um jeito da bruxa voltar ao normal, contra a implicação de Xandóca que não deseja que a mesma volte ao normal. Na Lua, eles prezam a igualdade, se uma pode viver normalmente, a outra também deve ter este direito. Trunisca volta ao normal. O grupo então vai ao encontro da majestade. Com um novo cenário, no castelo chegam admirados e inquietos com a chegada do Rei Abacaxi, que chega acompanhado do Guarda Bobo da Corte.
O Rei os questiona da presença deles na Lua, tentam enrolá-lo e sair, mas são impedidos. Ele descobre o plano do urubu que enganará os compradores das partes da Lua, recebendo o dinheiro e nunca os dando o que foi comprado. O rei novamente os questiona, desta vez sobre dignidade e respeito, pois tentaram vender o que não os pertencia. Novamente com desculpas e na tentativa de fugir, são impedidos pelo Rei, que continua com perguntas sobre o lugar onde vivem, questiona-os sobre felicidade e harmonia, argumentando de que se na Terra tivesse paz, amor, felicidade, entre outros, não precisariam sair da mesma. Ele os mostra seu território através de seu aparelho Telescópico, criado na Lua, a fim de que aprendam que com isso que tem, é possível ser feliz. Ainda assim, o urubu tenta comprá-lo, mas quando toca nos espinhos do Rei, leva um choque que é transmitido às bruxas também. O rei insiste em dizer que nada está à venda, nem o Telescópio, nem a colheita.
O Rei tenta manter a ordem, o guarda revela os segredos das bruxas, que três delas desejam controlar todas as bruxas do mundo e a última não passa de uma bobalhona. Com os comentários, são alvos de risadas uma das outras. O Rei então diz que cada uma é pior que a outra, que elas são cheias de invejas, disputas, traição e diz que receia que “a porta” será o fim delas. Complementa dizendo que a decisão final depende de seu povo. O Bobo da Corte abre a porta que dá direto ao Espaço, no qual as bruxas e o pássaro ficariam girando entre a Terra e a Lua. Para que isso não ocorra, o Rei decide dar uma chance através de seu povo com as badaladas de um Gongo: se ele soar uma vez, eles partem para o Espaço; e se soar duas vezes eles voltam à Terra.
O Gongo soa uma vez e todos imploram por uma segunda vez, o que acontece posteriormente e eles comemoram a volta à Terra. Até mesmo o Rei comemora. Chega então uma mensagem ao Rei, que diz que os habitantes da Lua decidiram dar uma oportunidade para as bruxas voltarem à Terra, desejando que as bruxas levem a seguinte mensagem aos quatro cantos da mesma: “a Lua é o planeta do amor e só o amor se compreende, queremos a paz e não conhecemos a guerra. Se um dia voltarem, venham como amigos e saberemos recebê-los. O amor é universal, um gesto amigo, um sorriso bastará”.
Encantadas com a mensagem, se comprometem a levá-la a todos os terráqueos. O Rei aconselha as bruxas Xandóca e Trunisca a procurarem viver em paz. O grupo se despede e todos vão em direção à Terra.
O espetáculo termina com uma comemoração e uma dança, acompanhado de aplausos, estes que nos ensina sobre amor, paz, amizade e, acima de tudo, respeito. Apesar da temática infantil, a mensagem serve para todos nós, desde crianças aos idosos. A peça é rica em conteúdo, fazendo com que os espectadores pensem sobre sua vida e seu comportamento perante ao outro e às coisas que não os pertence.