Deficientes visuais em projeto de Teatro
Faça Arte com Junior Mosko, inicia O Ponto Cego que surge da necessidade de fazer com que pessoas (deficientes visuais e cegas) se tornem protagonistas da sua própria história, sendo inseridas com o mecanismo da arte, dentro de uma sociedade que repudia deficiências e venha entender que qualquer ser humano pode integrar este universo chamado mundo.
O diretor Junior Mosko já é conhecido por montagens de espetáculos com deficientes down, agora está partindo para um trabalho com deficientes visuais.
“Na realidade desenvolvemos um trabalho com seres humanos, porque eu não gosto do rótulo de “síndrome de Down”, “deficientes visuais”. Mas precisa-se muitas vezes usar uma nomenclatura para poder explicar um projeto.
O trabalho que estou fazendo com o grupo do ponto cego não tem a pretensão de se transformar num grande espetáculo, ele tem a pretensão de fazer com que essas pessoas se tornem protagonistas de sua história através do fazer teatral, e que elas entendam e possam refletir pela arte. Mas, sem nenhuma pretensão, acredito que possa sim vir a ser transformar num espetáculo, porque a arte nos impulsiona para a vida, acredito que talvez eu seja presenteado como um diretor e poder dirigir um elenco de pessoas cegas”.
O ponto cego irá trabalhar diretamente os seguintes temas:
- Elaborar paradigmas dramáticos;
- Elaborar sequências em processos de criação com preparação técnica e interpretação crítica a partir dos aspectos da dramaturgia;
- Participar de trabalho em equipes co-elaborando e coimplantando projetos que abordem aspectos cênicos na dramaturgia;
- Experimentar elementos textuais, sonoros e táteis como deflagradores da cena, através de sons;
Investigar a polissemia dos códigos teatrais, incluindo os códigos transversais; - Promover o encontro aluno-público através de compartilhamento de processo.
Com o intuito de integrar o deficiente visual (cega ou com baixa visão), que enfrenta dificuldades para prender o mundo externo, ela precisa contar com o apoio de pessoas que levem a explorar o que está a sua volta, a partir de seus órgãos do sentido, reconhecendo o ambiente, usar computador, higiene pessoal, escrita e autonomia nas ruas, ritmo e percepção do que está em sua volta.
E como as pessoas cegas irão se ambientar dentro de aulas de teatro? Junior Mosko responde isso;
“A percepção de espaço vem através do sensorial e as pessoas que não tem a visão elas têm uma conexão com espaço, embora elas não possam ver elas conseguem sentir e através disso é possível desenvolver todo o seu espaço periférico através do tato, através do cheiro através, da especialidade. Então não existe limites com eles que querem trabalhar para mim, o que existe é uma vontade muito grande de se inserir na arte e fazer um trabalho que possa, acima de tudo ser transbordado de amor, arte, afeto e principalmente respeito”.
Dentro desses desafios, através dos jogos dramáticos com um mergulho no lúdico, desenvolver as habilidades pois o maior obstáculo do deficiente visual não são os buracos, não são os obstáculos físicos e, sim, sua integração no mundo social, profissional e, quem sabe, familiar, pois toda e qualquer situação que não vá de encontro com a convenção social, causa sérias consequências. Consequências essas de adormecimento psicossomáticos, que levam à terríveis quadros depressivos. No entanto, o projeto Ponto Cego, vem com o intuito maior de verbalizar os sentidos, através do corpo do deficiente visual.
“Os quadros psicossomáticos são aqueles que você vai aderindo e adquirindo durante a sua vida, durante sua trajetória no trabalho, na ausência das pessoas no no luto de alguém que vai embora e a gente vai atrelando e tudo isso vai transformando em doença. Então quando a gente fala do psicossomático é para tirar as pessoas do que elas estão vivendo e vão se adoecendo pelo que vem do externo, eliminando e levando elas a refletir, mostrando através dos exercícios e das conversas, para externar o seu sentimentos e para poder se livrar dos quadros psicossomáticos”.
As aulas serão práticas e baseadas em jogos teatrais e improvisos de Viola Spolin. Os conteúdos a serem trabalhados: sensação, atenção, percepção, prontidão e escuta; projeção, articulação, ressonância e intensidade vocal; ritmo; consciência corporal e uso de alavancas e apoios; criatividade; espaço periférico; participação no grupo; processos imaginativos; experiências sensoriais; criação de quadros cênicos onde o aluno experimenta e observa a sua atuação; aulas teóricas alusivas e práticas; Construção de cenas; Discussão e análise das cenas produzidas; Discussão de situações; Discussão de espetáculos;
E a avaliação final deste curso será conceitual, uma vez que, além da formação de atores, é um projeto de inserção: Observação diária/presencial bem como a participação efetiva teórico/prática nas aulas; Análise e debate dos textos utilizados ao decorrer da disciplina;
E o nome Ponto Cego surge da realidade que as pessoas deficientes visuais e cegas sentem de ser vista por outras pessoas e serem vista pela sociedade, então o ponto cego é justamente como essas pessoas deficientes visuais são vistas pela sociedade, como um “ponto morto incapaz de fazer qualquer ação no trabalho na sociedade” como se fosse realmente um “ponto descartado” formando assim o Ponto Cego.
E se caso você se conhecer algum deficiente visual interessado em participar do Ponto Cego, entre em contato com a Faça Arte.
Faça Arte com Junior Mosko
Rua Minas Gerais, 428 – Centro, Sorocaba-SP
Whatsapp/Fixo: 15 3211.1486