São 200 dias letivos por ano, contemplando o tempo destinado às aulas, sua preparação, intervalos, chamadas, prática esportiva, esclarecimento de dúvidas e desenvolvimento de vínculos. Múltiplas facetas compõem o cotidiano dos alunos nas instituições de ensino.
A educação em tempo integral se caracteriza por uma carga horária igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais, conforme estipulado pelo Ministério da Educação (MEC). Em comparação, os alunos regulares da educação básica permanecem em média cinco horas por dia na escola, conforme dados de 2022 do MEC.
As horas adicionais são preenchidas de acordo com a proposta pedagógica alinhada à Base Nacional Comum Curricular, integrando elementos do conceito de educação integral. Entretanto, é crucial diferenciar escola em tempo integral de educação integral.
A Escola em tempo integral refere-se à quantidade de tempo disponibilizada para os estudantes frequentarem a instituição de ensino. Já a educação integral abrange a formação intelectual, física, emocional, social e cultural dos alunos, sendo um projeto compartilhado pelos jovens, familiares, comunidade e educadores, conforme o Centro de Referência em Educação Integral.
No Brasil, a oferta de educação integral na rede pública varia de 11% nos anos iniciais do ensino fundamental a 20% no ensino médio, de acordo com o Censo Escolar de 2022. A meta do Plano Nacional de Educação é alcançar, até o próximo ano, pelo menos metade dos alunos nessa modalidade.
Os desafios incluem questões orçamentárias, sendo que um estudante de tempo integral custa aproximadamente 50% a mais do que um aluno regular, conforme informação do repórter Paulo Saldaña. O governo federal comprometeu-se a disponibilizar R$ 4 bilhões em dois anos para a construção de escolas de tempo estendido, mas até novembro, apenas 41% desse valor foi repassado.
A educação integral oferece benefícios significativos, permitindo que os alunos cresçam cognitiva e afetivamente. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2021 revelam que 25% dos estudantes do ensino médio dedicam mais de duas horas diárias a afazeres domésticos, enquanto apenas 16% investem o mesmo tempo em estudos em casa, especialmente impactando as meninas.
Ampliar o horário escolar também contribui para otimizar o tempo, visto que, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico de 2019, 30% do tempo de aula é utilizado para atividades burocráticas, comparado a 20% em países mais desenvolvidos.
Os resultados das escolas de tempo integral nas avaliações nacionais geralmente são superiores. No último Saeb, de 2021, as escolas de tempo integral da rede estadual de São Paulo apresentaram nove pontos a mais em língua portuguesa e dez em matemática em comparação às escolas regulares, conforme levantamento do Instituto Natura.
Para alcançar o sucesso, uma escola de tempo integral precisa não apenas aumentar a carga horária e qualificar a jornada, mas também contar com espaço físico adequado, organização curricular eficiente e, acima de tudo, investir nos professores.