Mais vale ser feliz como você mesmo, do que seguir cegamente a VIA SACRA DOS INOCENTES

Escrito por Ana Cristina

Com direção de Junior Mosko, o espetáculo teatral “A Via Sacra dos Inocentes” foi encenado pelos estudantes do Núcleo de Artes Cênicas (NAC) em 2004 e retrata a forma como perdemos parte genuína da vida por estarmos imersos na via sacra da rotina, enquanto aqueles que tentam fugir dessa normalidade são crucificados.



Para conferir o espetáculo na íntegra, acesse a plataforma YouTube abaixo:

A peça traz um olhar poético e expressivo para os ciclos pelos quais passamos durante a nossa existência e, por meio de falas retiradas de grandes músicas da MPB, destaca a forma como somos conduzidos a agir de acordo com a sociedade, seguindo aquilo que é visto como “normal” e se adequando ao que é conveniente, o que nos torna marionetes em uma Via Sacra padronizada e preparada por outras gerações para que acreditemos que é o melhor caminho e sigamos como nossos pais.

Mesmo sem saber mais detalhes, alguns aceitam e permanecem como todos: presos pelos fios de marionete e semelhantes ao resto, sem libertar suas particularidades. Apesar da maioria se adequar ao todo, existem pessoas que não seguem esse padrão e são vistas como “anormais”, então, após ver sua liberdade, a sociedade os crucifica e dá prosseguimento ao cotidiano. Assim, restam apenas aqueles que plantarão a mesma lógica de que ser gente é imoral para seus sucessores.

Em “Via Sacra dos Inocentes” podemos ver que é visto como louco quem tenta pensar por si próprio em meio a uma sociedade que reproduz, inocentemente, os costumes restritivos de quem aceitou a pressa da rotina como lema de vida. Nessa jornada, passamos por vários ciclos que vão nos moldando para pensarmos e agirmos como a maioria; então nos envolvemos com outras pessoas e temos também momentos de alegria, mas continuamos sendo afetados pela monotonia, de tal forma que ela pode nos engolir.

Imagem do Espetáculo, Disponível na Plataforma YouTube

Durante o espetáculo, algumas personagens cedem e se inserem no todo, elas se transformam em marionetes que se comportam de maneira similar, enquanto outras continuam destoando com suas singularidades; elas reconhecem suas características, assumem e passam a valorizá-las. Ao se sentirem felizes por poderem ser elas mesmas, aqueles que não conseguem se libertar riem e as crucificam, pois o que é tido como “anormal” não tem espaço para ser visto nesse meio. Após o ocorrido, eles continuam suas rotinas e propagam essa forma de viver que consome, causa a perda de algo genuíno e traz a lembrança do passado iluminado.

Através da arte que é feita, é possível sentir essa crítica; assim, fica a reflexão: nós estamos seguindo cegamente um movimento da maioria ou sendo nós mesmos? Em cada ciclo da vida, tentam nos tirar nosso lado genuíno, mas devemos continuar no ritmo da nossa dança, pois por mais fora do padrão que seja, a loucura está em não ser feliz.

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