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Maria Helena Amorim entrevista Junior Mosko no Revista em Foco Cruzeiro FM - Editora News
Cultura

Maria Helena Amorim entrevista Junior Mosko no Revista em Foco Cruzeiro FM

Pelos 40 anos de carreira no teatro, Junior Mosko foi convidado para uma no programa Revista em Foco, apresentado pela locutora Maria Helena da Cruzeiro FM, logo abaixo segue a transcrição dessa entrevista.

Quem foi Junior Mosko ?

“Nascido na cidade de Tatuí (São Paulo), seguiu uma grande carreira José Maria Rodrigues Junior, ele que é ator, bailarino e diretor, mas é mais conhecido como Junior Mosko. Junior, no dia 05 de outubro comemorou 40 anos da sua estreia no teatro, começando bem jovenzinho com apenas 13 anos de idade.”

“Eu era uma criança lá na cidade de Tatuí, eu nasci em Tatuí, mas eu fui criado na cidade de São Paulo e retornei no ano de 1981 para terminar a 8ª Série (Ensino Fundamental II), nesse ano resolvi montar um grupo de teatro e participar do festival estudantil, que acontecia no teatro do conservatório, criado pelo Moisés Miastkwosky um grande diretor de teatro. Então, selecionei o elenco, escolhi o texto “A viagem ao faz de conta” e me lancei, acredito que deu certo não é Maria Helena? (Risadas).”




“De tão certo que inclusive no último dia 05 de Outubro, você recebeu homenagem da câmara municipal de Sorocaba.”

“Foi bem emocionante, bem no dia que recebi essa menção honrosa na câmara a pedido do presidente da câmara Cláudio Sorocaba, que tudo que eu faço ele sempre está antenado e foi muito gostoso porque também estavam lá Iara Bernardi e outros vereadores também, todos queridos, e acabam fazendo parte dessa trajetória, porque nós como comunicadores, acabamos conhecendo todo mundo e todos passando pelas nossas mãos, foi muito emocionante as palavras e dizeres que recebi, foi mais um presente da nossa querida Sorocaba.”

Qual a origem do nome Junior Mosko ?

“Sorocaba que o tem como um cidadão, pois recebeu o título da cidade. Você não é apenas Sorocabano de coração é tatuiano de nascimento, mas aqui as coisas aconteceram na sua vida, mas até chegar nessa história muita coisa aconteceu. A primeira que eu gostaria que você contasse é: Por que você que nasceu Jose Maria Rodrigues Junior, tem o codinome de Junior Mosko?

“Esse nome por incrível que pareça, eu tentei tirá-lo lá atrás, na realidade ele surgiu do grande público. Assim, eu era uma criança então eu comecei sendo acompanhado sempre pela minha mãe Benedita Mosconi, e as pessoas falavam “É o Junior da Benedita Mosconi”, “O Junior da Mosconi”, de repente “Junior Mosconi”, de repente “Junior Mosko” e pegou esse Junior Mosko, quando eu vi a imprensa estava falando “Junior Mosko” e nunca mais saiu, ficou mesmo e assim, hoje eu agradeço ao público que me batizou com esse nome Junior Mosko. Interessante que até o próprio “K” de Junior Mosko, afinal “Mosconi é com C”, o próprio “K” foi o público que colocou, a imprensa começou a colocar Junior Mosko e também acho que deu certo (Risadas).”
Formação Acadêmica, grandes referências e trabalhos realizados

“Depois da sua estréia aos 13 anos, você quis seguir carreira mas foi buscar o aprimoramento técnico através do ensino e você acabou indo para a Universidade aprender de fato, mais a respeito das Artes.”

“Depois que eu fiz minha estréia, retornei para São Paulo aonde eu vivi com meus pais e aí fui fazer a USP (Universidade de São Paulo), me graduei, fiz mestrado e fiz doutorado, então toda a minha vida acadêmica foi na USP, a única coisa que eu fiz fora da USP foi na USC (Universidade do sagrado Coração) da cidade de Bauru, que eu fiz uma especialização de Teatro, porque na época não tinha na USP, então eu fui buscar fora. Também teve uma outra especialização, que fiz na Globe Theatre em Londres, mas basicamente toda a minha vida acadêmica foi na Universidade de São Paulo.”

“Isso te deu uma bagagem enorme, porque você acabou cruzando o caminho de muita gente interessante não é verdade?”

“Sim, o meu mestrado foi orientado pela Ingrid Koudela, tradutora do Viola Spolin que nós temos como referência para jogos teatrais e o meu doutorado foi com o professor Clóvis Garcia, grande mestre do teatro, grande crítico e os dois são conhecidos mundialmente pelo trabalho e pela relevância, que tem o teatro mundial.”



“Como ator, bailarino e diretor, você tem um enorme número de espetáculos aos quais deu vida, dentre esses quais podemos destacar como os mais importantes?”

“Tem o próprio Viagem ao faz de Conta que é o ícone, porque eu montei ele aos 13 anos e depois fiz uma remontagem já quando tinha toda a minha vida acadêmica para sentir a diferença do espetáculo feito pela criança e o espetáculo com todos os aparatos profissionais, então foi um marco na minha história. Também teve o Aprendiz de Feiticeiro de Maria Clara Machado, um grande divisor de águas da minha vida…”

“…Até porque Maria Clara deu a você o que não deu a outros para essa montagem não é mesmo?”

“Sim! A Maria Clara não permitia que a montagem do Aprendiz de Feiticeiro fosse feita na cidade do Rio de Janeiro, mas eu ela permitiu, eu passei pelo Tablado e fiz algumas aulas com ela e pedi para que ela autorizasse a fazer o espetáculo e ela me permitiu, eu realizei esse espetáculo no Teatro da Lagoa, um grande sucesso tanto de crítica, como de público e ela deu um depoimento para a imprensa, que ela falou assim “O Junior Mosko conseguiu finalizar uma obra que, para mim faltava um acabamento”, porque falava-se muito do pitolomeu que era um gato (dentro do texto Aprendiz de Feiticeiro) e eu criei esse gato, que aparecia voando por cima do público, então a criançada delirava e pra mim foi maravilhoso ter esse depoimento da grande mestre Maria Clara Machado.”

“Além disso você estava falando de Vovó Delícia do incrível Ziraldo.”

“Foi uma obra inédita que ele fez e pediu “Junior faz o espetáculo, por favor” e eu fiz e foi um grande sucesso, nós fizemos a estreia no teatro El Dorado e foi assim um sucesso imenso, ele viajou por todo o Brasil, foi sucesso de bilheteria, crítica, foi aonde lançamos a Karolina Lannes como atriz ainda criança e depois ela foi fazer a novela Avenida Brasil, que ela fazia a filha do Tufão com a Carminha e através desse espetáculo que ela foi parar nessa novela, então foi assim uma explosão de alegria e de sucesso, um elenco maravilhoso, teve uma participação em vídeo da Tônia Carrero que me presenteou, fez a gravação para o espetáculo que tinha uma participação dela e quando foi pagar o cachê ela disse “Jamais, é o espetáculo do Juninho, jamais poderíamos cobrar alguma coisa, nós queremos que ele continue dando vida e fazendo arte” então assim foi muito bom ter feito esse espetáculo em parceria com o Ziraldo.”

“Mas você tem um trabalho de Ronaldo Ciambroni que é “Adeus Fadas e Bruxas”, também.”

“Esse trabalho, foi quando eu coloquei 50 crianças no palco, reuni crianças especiais, pessoas mais idosas, foi um musical e foi muito interessante que eu fui aprendendo a trabalhar com pessoas que tem outro tipo de deficiência e vendo que tudo é possível, quando a gente quer fazer trabalho. Uma questão muito importante é que nessa época, eu quis tanto me aprofundar nisso, que eu fui desenvolver um trabalho no antigo hospital desativado Vera Cruz, que eu fiz uma montagem com os internos, eu cheguei a levar esses internos para o teatro, eles se apresentaram, os médicos ficaram bem preocupados e eu falei “Vocês podem ter certeza, eles vão se apresentar e vai ser lindo” e foi emocionante. A última vez que eu estive com eles, no hospital, quando eu saí na van eles foram correndo atrás de mim pra eu não ir embora, e eu pensei comigo “Ai meu Deus, eu acho que já cumpri minha missão com eles” que pra mim era muito dolorido quando eu me separava deles, porque era só amor. Eu fico pensando Maria Helena, a única coisa que o ser humano precisa é de amor e atenção, porque quando você dá amor e atenção, tudo acontece.”

“Verdade! E isso é algo que precisamos muito na atualidade.”

“Sim! E depois eu fiz, um outro grande espetáculo “Retalhos da Memória” que é um pós-dramático, uma nova fase da minha vida, que é quando eu entro com espetáculos pós-dramáticos, que assim foi uma coroação também, a coroação maior foi que no dia da estréia, depois que eu fui para casa, minha mãe que é minha maior crítica chegou pra mim e falou “Filho, fale só para a sua mãe que ninguém vai saber, de onde você copiou esse espetáculo perfeito? ” (Risadas). Ela achou tão elevado, tão superior que achou que foi copiado de algum lugar e na realidade o pós-dramático é criado com o colaborativo de todos os atores, então não tem como você copiar, é criado junto com eles. E realmente foi um grande sucesso, depois eu viajei com esse espetáculo para Portugal, foi feito uma turnê na Europa, onde ele foi muito premiado e muito aplaudido, e assim as críticas foram super favoráveis, e assim foi um outro divisor de águas na minha carreira. E foram muitos outros espetáculos que a gente acaba até não sabendo mensurar qual é qual, porque todos são filhos e cada um tem a sua especificidade, cada um tem a sua beleza, cada um tem a sua importância, enfim e assim segue (Risadas).”



“Além de bailarino, ator e diretor você também é escritor e tem um grande destaque com O Teatro da Criança pela Criança para Criança, um livro que é seguido por muitos até hoje.”

“Esse livro foi assim, eu fiz uma experiência com um grupo de teatros de escola pública para mostrar a importância que é fazer o teatro da criança, com criança, para a criança porque é uma identificação imediata, e esse livro ficou muito conhecido principalmente pelas universidades e grandes nomes acadêmicos acabam trabalhando esse livro e também nas secretarias de educação, vários secretários seguem esse livro na prática teatral junto com os professores de arte, então eu estou sempre dando palestra, mais recente dei palestra para universidade de Roraima falando sobre teatro da criança, esse livro pra mim foi uma pesquisa séria e pequena, de repente virou um resultado muito gratificante, porque ele ainda é seguido por várias pessoas.”

“E dentro desse trabalho que você desenvolveu com crianças, você se preocupou muito com crianças especiais, crianças que tem déficit e aqueles que tem síndrome de down, e esse trabalho também sempre foi sobre dar exemplo aos outros dessa possibilidade com crianças.”

“Falei sobre isso lá na câmara municipal, eu penso que o teatro me deu tudo na vida, então eu tenho que dar pelo menos um pouco de contribuição, devolver um pouco de tudo que eu obtive, não me refiro financeiramente mas de bagagem e reconhecimento, então eu comecei a trabalhar e a mais de 10 anos eu fundei a Associação Cultural Fazendo Arte, que até hoje ela existe, eu sou mantedor dela e tento leva-la a trancos e barrancos porque não é fácil e os alunos com down, por conta da pandemia, estão fazendo aulas online, mas ela continua funcionando e tem também o projeto da Associação que se chama Nós em Cena que são projetos para pessoas de toda Sorocaba que se reúnem no parque dos Espanhóis, aos sábados de manhã onde acontecem as aulas de teatro que eu faço uma supervisão.”

Festival Estudantil SESI Sorocaba de Teatro

“E o teatro como sempre esteve presente em sua vida, teve um diferencial quando você assumiu no SESI (Serviço Educacional Social da Industria) aqui de Sorocaba.”

“Eu fiquei 20 anos à frente do teatro do SESI Sorocaba, onde eu criei o Festival Estudantil SESI Sorocaba de Teatro, que é um festival reconhecido no estado de São Paulo todo, recebemos uma menção honrosa da FIA (Federação Internacional dos Artistas) que é sediado em Londres, teve muitas pessoas que vieram me ajudar a implantar esse festival como Sônia de Azevedo, uma grande mestra, na época ela era chefe técnica do setor de artes cênicas. Tive a ilustre presença de Lélia Abramo, uma querida atriz já falecida mas que ajudou a regulamentar a profissão dos artistas no nosso país, Lilia de Paula que era do sindicato dos artistas, Elma Wilma, Sergio Mambeti, Vania Estefania, até mesmo o Raul Gil que me ajudou em uma premiação para legitimar o festival, foram várias pessoas que vieram e tive 15 edições do festival estudantil dentro do SESI e foi um projeto maravilhoso, que acabou fazendo com que as artes cênicas ganhasse cidades, por exemplo a cidade de Quadra que é uma cidade pequena e as pessoas vinham do sítio para ensaiar e depois se apresentar no festival estudantil, olha como o teatro vai além do que a gente imagina, foi só felicidade a criação do Festival Estudantil SESI Sorocaba de Teatro, que também é a minha dissertação de mestrado lá na USP.”

“O festival acabou com os estudantes despertando muita gente para as artes.”

“Hoje eu encontro muitas pessoas trabalhando com teatro ou tv, recentemente eu fui assistir uma estréia do Ronaldo Ciambroni em São Paulo e tinha um ator que me era familiar, quando acabou o espetáculo e eu fui cumprimentar o Ciambroni e de repente esse ator veio falar comigo, ou seja eu conhecia ele porque se apresentou no Festival Estudantil SESI Sorocaba de Teatro, coisa de 10 anos atrás ele ainda era uma criança, de repente vira um homem é lógico que eu não iria reconhecer. Ele chorou muito, ele disse que seus primeiros passos foram comigo e como a arte faz esses belos encontros. Então, eu encontro muita gente Maria Helena por esse mundo à fora, as vezes até no exterior você encontra pessoas que passaram de alguma maneira ou pela sua mão no festival ou enquanto diretor/professor de teatro, e assim vai caminhando (Risadas).”




A arte pós-pandemia

“Como você vê a sobrevivência artística, perante a pandemia, neste momento?”

“A arte sempre sofreu, eu penso que a arte tem que se reinventar sempre, temos que estar indo pelas beiradas para sobreviver, porque a arte é essencial para o ser-humano, a arte e a educação tem que andar juntas, pois quando estão juntas a saúde melhora a corrupção melhora, muitas outras coisas vão acontecer porque ela faz com que o ser humano mude um pouco seu olhar, ele vai entender que um simples papel no chão pode ser transformado em arte, ele vai ter um olhar crítico sobre aquilo então ele vai se politizar melhor, vai te um outro olhar. A arte nessa pandemia fez com que os próprios artistas repensassem a maneira de fazer arte e uma questão que me preocupou dentro dessa pandemia é que eu vi muitos projetos em prol dos artistas, não que eu seja contra, mas o estado e o governo tem que pensar no povo, fazer arte para o povo e não arte para privilegiar artistas e eu vi muito isso, fazer arte para ajudar os artistas, não se trata de ajudar os artistas e sim dar ferramenta para o artista trabalhar para o povo, porque quem precisa de arte é o povo, então eu acho isso uma questão política muito errada.”

E essa foi a entrevista transcrita de Junior Mosko para o Revista em Foco da rádio Cruzeiro FM, nós da Editora News agradece Maria Helena Amorim por disponibilizar a entrevista.

Veja também, Junior Mosko recebe homenagem na Câmara Municipal de Sorocaba.