Baseado na obra de Walter Quaglia, o espetáculo para crianças “O Gigante” foi adaptado por Ivy Sobral e encenado, em 2017, pelos alunos do curso de Iniciação Teatral
do Núcleo de Artes Cênicas (NAC) do SESI Sorocaba com direção de Junior Mosko.
Escrito por Ana Cristina
Encenado por jovens e para jovens, “O Gigante” traz uma mensagem atual para todas as idades e deixa uma reflexão sobre como lidamos com governantes que prometem e não cumprem, se colocando em posições ilusórias de heróis. Em um reino distante, um rei se gaba por ter derrotado um gigante e, assim, mantém seus súditos através de discursos e
promessas. Mas será mesmo a verdade? O rei é o grande herói que diz ser?
A peça está disponível na plataforma YouTube, pelo canal do artista Junior Mosko, e pode ser vista clicando no link a seguir:
“O Gigante” é um teatro para crianças que traz emoção, alegria, música, suspense e diversão. A narrativa retrata dois cotidianos com uma forte disparidade: a rotina do rei e seus bobos, ao mesmo tempo em que apresenta duas primas camponesas, Lili e Lola, que precisam conseguir dinheiro para ajudar sua avó doente. Enquanto o primeiro possui grande poder e até abusa dele, as meninas enfrentam dificuldades e saem para uma aventura em busca de ajuda. Será que o rei merece ser aclamado por todos, mesmo sendo um tirano?
A peça se inicia com muita alegria e diversão pelo comportamento dos bobos, o rei lê mais um de seus discursos prontos e já aparenta tentar esconder uma face para parecer uma pessoa querida e amada por todos. Ao lado de sua rainha, ele conta a história de quando venceu um gigante assustador, aprisionando-o em uma torre e, por isso, deve ser aclamado por todos. Na sequência, aparecem as primas Lili e Lola caminhando em busca do rei, com seu boi Tutuca.
As meninas seguem sua jornada, passando por diversas aventuras no caminho: inicialmente, encontram as gêmeas Zuleide e Zuleica, que se mostram dispostas a ajudar; na sequência, Lola começa a ter encontros com seu subconsciente, que tenta colocá-la contra sua prima, um anjo bom e outro mau discutem e fazem a personagem pensar na verdade sobre a situação. Após um tempo e com muita insistência, elas conseguem um encontro com o rei, porém, ele e suas ministras imaginam que é um presente e se recusam a pagar o valor solicitado pela venda do animal. Com essa situação, uma confusão se inicia e o boi Tutuca é tirado de suas donas.
A partir dessa perda, as garotas solicitam ajuda às gêmeas, para salvar o Tutuca, e elas levam Lili e Lola até uma mestra que pode ajudar com disfarces ou poções. Enquanto as meninas entram em um traje engraçado e arquitetam um plano de resgate ao boi, a rainha e suas damas começam a questionar as atitudes do rei.
No ápice do espetáculo, o rei, durante mais um de seus discursos diários sobre como aprisionou o gigante na torre, recebe oferta de um presente das gêmeas. Com a presença dos bobos da corte, o disfarce das meninas torna-se uma cena de suspense e diversão, eles testam o presente e, quando descobrem a farsa, tudo se transforma em um caos. Em determinado momento, a torre é derrubada e o rei é mostrado um impostor, ele não aprisionava o gigante em sua torre, escondia um segredo que o mantinha no poder. Com o empoderamento da rainha, Lili e Lola recuperam seu boizinho e a verdade é estabelecida no reino; a união entre as personagens traz ao reino o que foi omitido por anos pelo rei tirano.
“O Gigante” fala sobre união e aventuras. Através da magia e do humor, é muito mais que um espetáculo para crianças, ele aborda uma temática comum no cotidiano histórico e atual: governantes tiranos que tentam enganar e se aproveitar de seus governados, além das injustiças das quais sofrem Lili e Lola. Carregado de lições, o elenco, sob orientação do diretor Junior Mosko, consegue transmitir a mensagem de forma leve e divertida, deixando uma reflexão para o mundo real.
A peça se encerra com um questionamento dos bobos sobre o que acontecerá com o rei impostor: “…o falso rei será julgado e logo vem o resultado. E vocês, pensem no resultado, porque nós ficaremos bem calados”. O que fazemos quando somos enganados, como os súditos do reino? A justiça e a união devem prevalecer, o espetáculo é sobre o caminho vivido pelas personagens e seus aprendizados que são passados diretamente para o público.