O que é uma Amizade tóxica ?

Reconhecer e enfrentar uma situação não é tarefa fácil, mas a psicóloga Silvia Vasconcelos explica que é possível e dá algumas dicas importantes

Um estudo da Universidade de Harvard que começou em 1937 e continua até hoje revela: Manter fortes laços de amizade prolonga nossas vidas em até dez anos e previne uma série de doenças.

A pesquisa é conduzida com voluntários de todas as idades e perfis e mostra que as habilidades sociais superam a genética, a saúde financeira e a dieta em termos de impacto na saúde humana.

Porém, assim como o remédio tem que ser tomado na dose certa, a dose errada da amizade pode deixar de ser benéfica e ser prejudicial à sua saúde. Em outras palavras, uma amizade tóxica nada mais é do que um relacionamento destrutivo, ao invés de ajudar o indivíduo a manter uma vida saudável.

A psicóloga Silvia Vasconcelos, que em suas consultas utiliza a Gestalt-terapia, modelo terapêutico que defende a responsabilidade individual pelo momento atual e ajuda o paciente a desenvolver todo o seu potencial, explica que às vezes perceber que a amizade é tóxica.

Para esclarecer um assunto que vem ganhando destaque na mídia e nas redes sociais, a psicóloga responde às principais dúvidas sobre uma amizade tóxica:

Como reconhecer uma amizade tóxica?

Em primeiro lugar, se você está preocupado com o fato de o relacionamento amigável que está vivenciando ser tóxico, provavelmente tem algo com que se preocupar, isto é, está fora de sua mente.

Para identificá-lo, observe se esse seu amigo está causando sentimentos ambíguos: insegurança, solidão, estresse e outros desconfortos. Esses sentimentos prejudiciais podem ser sutis, portanto, a identificação não é tão simples e não acontece da noite para o dia.

Um exemplo de amizade tóxica é ser desqualificado por suas opiniões, comportamento, maneira de falar e se vestir, fazendo com que você se sinta mal e desamparado diante da situação.

Na maioria das vezes, a companhia desse amigo é até agradável, mas os crimes acontecem nas entrelinhas, com demonstrações de superioridade, críticas repetidas, egocentrismo e outros comportamentos que enfatizam continuamente o seu amigo e o deixam em segundo plano.

Competição, ciúme, atrito e incompatibilidade são normais de vez em quando, mas a repetição é um sinal de uma amizade tóxica.

Por que existem amizades tóxicas?

Para que uma pessoa se comporte tóxico em um relacionamento, deve haver um interesse: seja ganho financeiro, ego inflado ou frustração emocional, por outro lado.

Um amigo que muitas vezes te humilha, zomba de você, pressiona psicologicamente, fala depreciativamente, inventa mentiras, fofoca, não mostra alegria com seus ganhos, esse amigo com certeza deve manter esse relacionamento porque se interessa por isso.

“Além disso, não somos criados por nossos pais ou incentivados pela sociedade a falar sobre emoções, mas a “varrer os sentimentos para debaixo do tapete”. Causa uma certa paralisia quando temos que resolver a situação, e a tendência é que deixemos chegar a um ponto crítico para agir ”, explica Silvia Vasconcelos.

Você pode romper uma amizade tóxica?

Para sair de uma amizade tóxica, é preciso colocar limites e, para isso, é preciso desenvolver a autoconsciência. Saber o que está te incomodando, o que está te machucando, o que está te incomodando em vez de ajudar é um desafio que você tem de fazer a si mesmo perguntas que abrirão sua mente e olhos para essa amizade.

“Algumas perguntas que você pode fazer a si mesmo: Se eu sair sem esse amigo, vou me sentir rejeitado ou abandonado? Vale a pena pagar o preço? Não me sinto tão confortável a ponto de nem querer estar na companhia desse amigo, não confio nele, quero evitar estar presente ou até mesmo conversar com esse amigo para evitar conflitos, essa relação me faz sentir mal, me sinto e sentir-se impotente, ou seja, saudável?” – enfatiza o profissional.

Como consertar uma amizade tóxica?

É possível? Como em um relacionamento amoroso, a amizade deve ser proporcional à entrega e à satisfação. Para salvar uma amizade que acabou sendo tóxica, ambos os lados devem estar dispostos a controlar suas emoções e mudar seu comportamento por meio do autoconhecimento.

Um amigo que não gosta da atitude do outro deve definir seus limites e explicar o que é contra a lei.

Falar com clareza e sem ser ríspido, para não agravar a situação, é totalmente possível e recomendado. “Recomenda-se que comece por revelar o que não gosta neste ou naquele comportamento, pedindo ao seu amigo que fale de forma mais afetiva e mostrando aceitação e respeito pelas suas opiniões, isto configura situações de constrangimento funcional para si e para ele”. – diz a psicóloga.

Do lado do amigo radioativo que nem sempre pretende agir assim, a dica é a mesma: autoconhecimento. Avaliar por que manter tal relacionamento quando vocês estão tão chateados um com o outro é o começo. “Se você está interessado em manter essa amizade, resolver intrigas, vá em frente! Mas lembre-se que todos têm que fazer a sua parte para consertar essa situação, são 50 em 50 para funcionar ”, explica.

Não havia como resolver a conversa, como sair dessa relação tóxica?

Se você está tentando refrear sua amizade e sente que não há medo do outro lado ou que a situação piorou, que seu amigo se tornou mais agressivo e invalidou seus argumentos, não tem como.

Siga seu caminho e saia do relacionamento com aquele amigo o mais educadamente possível, explicando que você não está mais disponível para ele e que foi bom enquanto ele durou, mas que deve seguir caminhos diferentes.