O espetáculo teatral “Bagagem”, sob direção, autoria e concepção de Junior Mosko, em 2015, foi desenvolvido e encenado pelo Curso Livre de Iniciação Teatral do Sesi Sorocaba e questiona a existência e as características do fantástico através da análise das transformações de cada ser humano.
Escrito por Ana Cristina
Assista ao espetáculo “Bagagem” completo pela plataforma YouTube, logo abaixo:
A peça aborda, também, a oportunidade dos recomeços e a busca por uma essência humana nas profundidades de um mundo irreal. Em uma sociedade acelerada, monótona e tecnológica, as pessoas procuram o real significado do fantástico e querem cada vez algo “para sempre”, porém se deparam com a constante troca de relações vazias e a destruição do sorriso inocente de uma criança.
Onde está o real? O que é fantástico? O que você acredita ser verdadeiro? E o para sempre? Se você pudesse recomeçar, o que levaria na bagagem? O espetáculo trata com corpos, expressões e falas poéticas, as respostas para perguntas tão incertas que nos fazemos com frequência. A principal ideia está em mostrar o fantástico no passado, presente e futuro; ora desfrutamos de sua beleza, ora nos assustamos com sua incerteza, e nessa busca por algo sincero em nossas rotinas e relações, encontramos a essência humana e o amor.
Inicialmente, personagens de diversas idades em suas viagens pela vida falam sobre a possibilidade permanente de recomeçar, levando em sua bagagem aquele que não se esgota: o amor. Então, o espetáculo apresenta o que permeia o fantástico tão questionado e nos deixa imersos: o mundo da tecnologia. Enquanto o que é real está dentro
de nós, é simples e intrínseco, nos deixamos enganar com essa fantástica realidade inventada e ilusória. Na modernidade, o amor e o acalanto são substituídos por redes sociais, as relações tornam-se efêmeras e nossas mentes viram aquilo que se consome na mídia.
Mas toda essa ilusão se esvai, é destruída e nos destrói, colocando-nos, como é dito na peça, “cada vez mais longe do que seria fantástico nas nossas vidas, então trilhamos uma Via Sacra de ignorantes, inocentes, ditada por uma sociedade hipócrita”. Em busca do insaciável, já não existe “para sempre”, os julgamentos da sociedade não importam e, além do nos afastar do nosso sonho, tudo se transforma em passagem por pessoas que não levamos na nossa bagagem.
Durante a constante procura pelo fantástico na qual se baseiam as personagens e a humanidade, ele se vai e a vida também. Com a imersão na modernidade irreal do mundo virtual, o tempo passa, não permite mais sonhar e não sobra nada na bagagem da alma. Nada mais importa, nada mais é fantástico, as diferenças já não mais existem e o amor também. O drama vivido na peça é o do ser humano e, se não houver amor, pode-se passar vazio por essa onda de pessoas e tecnologia. O que há em sua bagagem? O que tem sido real para você?
Ver comentários (1)
Zeni . Bom eu tinha 2, sonhos uma era quando jovem ser aeromoça, e atriz. se eu pudesse recomeçar, seria Estudar para isso , Acontecer.